missionários em macau
A História da expansão portuguesa no mundo está muito ligada à ação dos Missionários Católicos que sempre nos acompanharam muito fortemente no Oriente e no Brasil, não só desenvolvendo o múnus da sua missão, mas auxiliando os Governos locais do antigo Ultramar em tudo aquilo em que podiam ter limitações (ensino, saúde, apoio social). Em Goa, Macau e Timor tiveram um papel notável, mas também no Japão e China onde muitos foram perseguidos, expulsos e até mortos. Tinham uma missão em que acreditavam, uma fé muito forte e uma dedicação inultrapassável pelas populações, por vezes isolados e com uma vida dura.
Conheci muitos em Timor e Macau; em Timor eram portugueses de várias regiões, essencialmente açoreanos, transmontanos e alentejanos. Em Macau eram muito internacionais, padres e freiras, de várias Congregações.
Quando iniciei os anos do meu Governo em Macau, apercebi-me rapidamente da sua importância nas áreas que já citei, mas também do grande peso que tinham na sociedade local. Também havia Madres de várias nacionalidades e congregações trabalhando no ensino infantil, apoio social e também como enfermeiras.
Entendeu o Instituto Internacional de Macau (IIM), reconhecendo a sua importância fazer uma coleção de pequenas biografias onde aparecem grandes nomes que na vida de Macau deixaram um registo indelével.
Aproveitando tal iniciativa e considerando que o IIM é o nosso principal parceiro e apoio em Macau decidi escrever este texto para o novo site da FJA para lhe dar a divulgação merecida e para que a memória não desapareça.
A coleção já tem 12 Biografias de nomes inesquecíveis para quem os conheceu.
Desde os Bispos D. José da Costa Nunes e D. Arquimínio Rodrigues da Costa, todos os que conheci me deixaram uma profunda admiração, Desde o Padre Lancelote Rodrigues com um permanente acompanhamento e encaminhamento dos refugiados que a Macau chegavam,

Bispos D. José da Costa Nunes

D. Arquimínio Rodrigues da Costa

Padre Lancelote Rodrigues
do Padre Joaquim Angélico Guerra, linguista e que estivera alguns anos preso na China, do Padre Benjamim Videira Pires, Diretor de um grande colégio, mas também historiado de qualidade, do Padre Manuel Teixeira, historiador e o grande guia de Macau para os nossos convidados VIP, do Padre Áureo de Castro, muito dedicado ao ensino de música, do Padre César Brianza, fundador dos “Pequenos Cantores do Colégio D. Bosco” que alcançaram grande sucesso mesmo internacional, do Padre Luiz Ruiz Suarez com as suas obras de caridade, ao Padre Júlio Augusto Massa, grande pensador para além de missionário, todos merecem as Biografias que lhes foram dedicadas.

Padre Joaquim Angélico Guerra

Padre Benjamim Videira Pires

Padre Manuel Teixeira

Padre Áureo de Castro

Padre César Brianza

Padre Luiz Ruiz Soares

Padre Júlio Augusto Massa
Muitos foram muito novos para Macau e China e ali se dedicaram de corpo e alma à missionação, raramente voltando para Portugal e ali foram envelhecendo. Macau deve-lhes muito!
Mas, sendo difícil de eleger alguns que eu considero serem verdadeiros Santos, dentro do conceito que eu tenho de santidade, há dois nomes incontornáveis, os Padres Mário Aquistapace e Caetano Niccosia, ambos italianos.
O Padre Mário foi muito novo para Macau, depois esteve na China de onde foi expulso em 1949 no final da Guerra Civil, tendo depois seguido para o Vietname onde ficou até 1975 quando da vitória dos Vietcong; voltou então a Macau e dedicou-se, depois, na Taipa a uma obra de recuperação de adolescentes problemáticos com excelentes resultados.
O Padre Niccosia tinha uma Missão na ponta mais distante de Coloane, uma escola para crianças e uma gafaria cujos casos já não sofriam uma evolução negativa, portanto não sendo contagiosos. Frequentemente íamos almoçar com ele que ali tinha concentrado toda a sua vida.

Padre Mário Aquistapace
O olhar de ambos era de uma total tranquilidade e paz pela dedicação àqueles de quem tratavam e que eram a sua vida. Se os Governos de Portugal em Macau lhes devem muito, a população chinesa foi a grande benificiária desse esforço diário ao longo dos anos.
E não preciso de ir mais longe; o resto está nas Biografias que devem ser lidas.
Lisboa, 11 de abril de 2021,
GARCIA LEANDRO
PRESIDENTE DA FJA