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Coleção de Arte da FJA no Museu do Centro Científico e Cultural de Macau, em Lisboa

Contribuindo para valorizar o singular e raro espólio que o Museu do Centro Científico e Cultural de Macau apresenta ao público desde a sua criação em 1999, a Fundação Jorge Álvares, no cumprimento da sua vocação estatutária, tem vindo a depositar a título permanente nesta unidade museológica nacional um conjunto de valiosas peças pertencentes à sua coleção de arte oriental. A coleção da Fundação Jorge Álvares é principalmente constituída por peças em porcelana chinesa antiga e é orientada com base num critério que envolve a sua ligação histórica a instituições representativas em Macau.

Seguem-se fotografias das peças depositadas no Museu do CCCM, com pequenas legendas explicativas de cada peça.

Garrafa dita de Jorge Álvares

Peça de porcelana, conhecida entre os especialistas por garrafa dita de Jorge Álvares, datada de 1552, contém uma legenda explícita que identifica quem a encomendou – o mercador Jorge Álvares: “ISTO MANDOU FAZER JORGE ALVRZ NA//A ERA DE 1552 REINA”.

A garrafa integra a série de porcelanas decoradas a azul-cobalto sob o vidrado, que constituem as mais antigas encomendas personalizadas conhecidas feitas por europeus aos oleiros chineses, constituindo um dos mais interessantes e originais conjuntos de porcelanas destinadas ao comércio externo, encontrando-se hoje dispersas maioritariamente por museus estrangeiros.

Existem apenas nove garrafas no mundo portadoras da legenda referida, a qual está incompleta, pois acaba bruscamente em REINA, uma palavra não terminada, cortando o final da frase e o sentido da inscrição, que, como observou Luís Keil, poderia ser REINANDO EM PORTUGAL EL REI D. JOÃO III.

Saber mais in Boletim FJA janeiro 2013

Par de pratos covos e porcelana azul e branca

Dinastia Ming (1368-1644), c. 1520 – Porcelana branca decorada a azul-cobalto sob o vidrado

Pratos covos, circulares, com caldeira com bordo direito, sobre pé curto inclinado para o interior. Constituem uma das cerca de centena e meia de peças de porcelana feitas na China, desde 1520 até ao final da dinastia Ming, em 1644, especialmente para o mercado português, sendo apenas conhecidos no mundo mais oito exemplares semelhantes. Os pratos têm centros idênticos com um medalhão com um dragão rodeado por elementos budistas e flores de lótus estilizadas ou ondas de crista branca entrecortadas por jatos de espuma e chamas.

A singularidade destas peças prende-se com o facto de ambas conterem símbolos reais de D. Manuel I: as armas reais e as esferas armilares.

Saber mais.

Par de pratos e caixa com tampa, armoreados

Em porcelana da China, Companhia das Índias.

Caixa com decoração policromada e dourada de fundo adamascado. Base com cercadura dourada junto ao bordo e tampa com friso de flores, pega em forma de cão de fóo e brasão.

Armas de Cosme Damião Pereira Pinto, fidalgo da Casa Real e Governador de Macau entre 1735-1738 e 1734-1747.

Dinastia Qing, Reinado Yongzheng, c. 1735.

Travessa Navio Brilhante

Travessa pertencente a um serviço mandado executar em 1840, porcelana branca decorada com esmaltes azuis sobre o vidrado, de forma oval, apresentando na aba uma cercadura de gregas, e uma outra cercadura com o mesmo motivo separando a parte côva da travessa, do centro; no fundo da travessa o Navio Brilhante, celebrizado por estar representado neste serviço.

Este navio pertenceu ao macaense, comerciante e capitão de navios, João António Alves, que o comprou, nos anos 20 ou 30 do século XIX, graças a um empréstimo de Miguel António de Sousa, tio de sua mulher, e patrão-mor do Porto de Macau durante vários anos.

Grato ao benfeitor e em suja homenagem, mandou fazer um serviço de jantar de porcelana de exportação para oferecer ao tio, no qual colocou o navio e as iniciais do nome de Miguel António de Sousa (MAS), em letras douradas numa bandeira, em alusão ao facto daquele ter sido oficial de Marinha.

China, Dinastia Qing, c. 1840.

Raro jarro de porcelana azul e branca

Em porcelana da China, decoração a azul intenso sob vidrado.

Corpo ovoide, decorado por elementos vegetalistas e duas faixas largas, uma com representação de paisagem oriental e outra com duas caras com colares, ladeadas por enrolamentos.

Asa com nuvens estilizadas.

Esta peça terá sido encomendada para o Colégio de S. Paulo, em Macau, fundado pela Companhia de Jesus em 1594.

Dinastia Ming, reinado Chongzhen, c. 1640. Altura 22 cm.

Na coleção Medeiros e Almeida e no British Museum, em Londres, existem dois potes, embora um pouco mais recuados, com decoração semelhante, representando caras aladas em relevo.

Réplica do Globo Terrestre Dias Longobardi (1623)

Réplica de um globo terrestre executado em 1623 pelos padres jesuítas Manuel Dias Júnior e Nicoló Longobardi que o assinaram com a versão chinesa dos seus respetivos nomes – Long Hua-min e Yang Ma-no. A réplica foi mandada fazer pela Fundação Jorge Álvares e apresentada ao público no CCCM, em 2013, por ocasião do seminário China / Macau e Globalizações – Passado e Presente.

O globo, cujo original pertence à British Library de Londres, é em madeira lacada, com as dimensões de 86 x 59,2 cm, e contém uma série de complicados conceitos geográficos e astronómicos, tais como uma explicação das teorias da latitude e longitude e uma descrição da forma como os eclipses do sol e da lua provavam que a terra é redonda.

Já o italiano Matteo Ricci (1552-1610), famoso sacerdote jesuíta, missionário, geógrafo e cartógrafo, conhecido pela sua atividade missionária na China durante a Dinastia Ming, e que foi considerado o fundador das modernas missões católicas na China, ao mandar executar em Pequim a sua terceira versão do mapa-mundi, em 1602, se lamentou de ter que transformar linhas curvas em retas, considerando que a melhor forma de representar a terra seria sob a forma redonda.

O mapa de Ricci e o globo de Manuel Dias e Nicoló Longobardi podem considerar-se as duas mais importantes relíquias da primeira cartografia ocidental na China. Relativamente aos seus autores sabe-se que Manuel Dis (1574-1659) era natural de Castelo Branco e chegou à China em 1611. O siciliano Nicoló Longobardi (1559-1654) chegou à China 14 anos antes, em 1597.

O original deste globo esteve exposto no CCCM em Lisboa, em 1999/2000, por ocasião da sua exposição inaugural – Os fundamentos da amizade – cinco séculos de relações culturais e artísticas luso-chinesas.  A réplica foi efetuada pela perita inglesa em conservação de globos, Sylvia Sumira.

Casula, estola, luvas e sapatilhas

Conjunto em seda bordeaux bordada a fio metálico dourado com flores e folhas. Luvas com as insígnias da Companhia de Jesus. Conjunto pertencente a D. Jerónimo José da Mata, Bispo da Diocese de Macau entre 1845 e 1862. Portugal, séculos XVIII / XIX.

Tabuleiro recortado e caixa de chá armoreados

Em madeira lacada a negro. Tabuleiro com as armas do Bispo de Macau ao centro. Caixa de chá com decoração a ouro com paisagens orientais com figuras. China, século XIX. Conjunto pertencente a D. Jerónimo José da Mata, Bispo da Diocese de Macau entre 1845 e 1862.

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Coleção de Arte da FJA
no Museu do CCCM

Contribuindo para valorizar o singular e raro espólio que o Museu do Centro Científico e Cultural de Macau apresenta ao público desde a sua criação em 1999, a Fundação Jorge Álvares, no cumprimento da sua vocação estatutária, tem vindo a depositar a título permanente nesta unidade museológica nacional um conjunto de valiosas peças pertencentes à sua coleção de arte oriental.

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